top of page
  • Foto do escritorTânia d'Arc

Nanci de Lara Reis


Nanci de Lara Reis



Nanci Beatriz de Lara Reis nasceu em Blumenau, SC, em 23 de julho de 1946.


Formada em contabilidade, começou a trabalhar aos 17 anos e aposentou-se aos 55.


Tem 2 livros individuais publicados, participa de 3 antologias e escreveu a orelha do livro Quam Sacer Cruor.


 

Alguns poemas da autora



O inverno


Através da vidraça embaçada, contemplo nostálgica a garoa fininha que cai lá fora. Abro uma fresta da janela e sinto o vento fustigante me trespassar. Fecho-a de pronto. Conjeturo que definitivamente não gosto de inverno. Nesse instante, porém, contemplo as flores das cerejeiras que se espalham pelo chão, formando um belíssimo tapete cor-de-rosa. Um pássaro solitário aninha-se na ramagem das árvores, entoando um cântico sonoro. Meu pezinho de Manacá sorri para mim, com aquela boca cheia de florzinhas brancas e lilases. O vento joga o chuvisco sobre os amores-perfeitos, que balançam e também me sorriem, com grandes olhos negros. Penso que, afinal, o inverno tem lá os seus encantos!



Do texto “As quatro estações”, do livro Viajando no tempo.





O circo


Vez ou outra, vinha a Curitiba um circo de renome internacional. Isso era um grande acontecimento que movimentava toda a cidade, ainda provinciana, carente de praias e outros atrativos. O pequeno José, lá pelos seus 8 anos, era curioso e peralta como qualquer garoto da sua idade. Estando ele em férias escolares, eufórico, viu instalar-se o circo nas proximidades de sua casa. Assiduamente, saía o menino para assistir aos ensaios dos artistas. O que mais o deixava embevecido era um indiano que pronunciava algumas palavras estranhas- na sua língua pátria, provavelmente- enquanto um enorme elefante obedecia a todas as suas ordens.


Pela manhã, alguns integrantes do espetáculo percorriam as ruas da cidade a fim de atrair o público para o espetáculo noturno. À frente ia o carro do som, o alto-falante convocando a população para “o maior espetáculo da Terra” . Alguns palhaços a pé brincavam com a criançada . Um malabarista jogava bolas para o alto e as aparava com destreza. Atrás, ia uma jaula com o leão, o rei das selvas, segundo anunciava o condutor do veículo. Fechando o cortejo, ia o elefante, levando no dorso o indiano devidamente paramentado com turbante e vestes coloridas, reluzentes.


Um dia, Zezinho resolveu segui-los. Lá pelas tantas, não se conteve e pronunciou bem alto as palavras que cotidianamente ouvia o domador dizer. O animal mais do que ligeiro deixou o cortejo e partiu em direção ao garoto. O indiano, em vão, tentava chamar o elefante de volta. Ele, porém, trotando, seguia em direção a Zezinho que , apavorado, num salto digno de acrobata, em segundos posicionou-se em cima de uma árvore. A plateia aplaudiu , extasiada.



Do livro Retalhos do cotidiano.

 

Livros

Viajando no tempo (Marianas Edições, 2018)

Retalhos do cotidiano (Becalete, 2022)


Podem ser adquiridos diretamente com a autora.

 

Coautoria

Meu avô era assim (Darda, 2018)

Tuíra (Marianas Edições, 2020; Donizela, 2022)

 

Saiba mais sobre Nanci de Lara Reis

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page