top of page
Foto do escritorTânia d'Arc

Andréa Motta faz discurso sobre Mariana Coelho nos 10 anos do Coletivo Marianas


Discurso Andréa Motta

Em março de 2024, o Coletivo Marianas completou 10 anos de existência. No evento de comemoração que aconteceu em Curitiba, no Palacete dos Leões, no dia 26 —, Andréa Motta fez um discurso sobre a vida e obra de Mariana Coelho, escritora feminista que inspirou o nome do coletivo.


Confira, a seguir, o conteúdo da fala na íntegra.


"Mariana Coelho, nasceu em Sabrosa, Distrito de Vila Real, em Portugal, a 10 de

setembro de 1857. Filha de Manoel Antonio Ribeiro Coelho e de Maria do Carmo

Teixeira Coelho, irmã dos poetas Teixeira Coelho e Thomaz Coelho. Em 1892 fixou

residência em Curitiba, PR. Trabalhou como educadora, fundou e dirigiu o Colégio

Santos Dumont, para o sexo feminino, e a Escola Profissional República Argentina.


Como escritora, circulou tanto pela poesia quanto pela prosa. Além de livros de

poemas também é autora de livros de contos, de estudos de história da literatura,

traduções e de inúmeros artigos publicados em periódicos sempre com o mesmo

cuidado estético e intelectual. Ocupou-se ainda com a crítica literária e de outras artes.


Seu livro Paraná mental recebeu a medalha de prata na Exposição Nacional de 1908,

no Rio de Janeiro. O Paraná mental retrata a história literária do Paraná, onde

Mariana também apresenta um trabalho de catalogação crítica em matéria de teatro,

literatura e artes plásticas, realizada no Paraná e no início de século XX. É uma reação

ao livro O Brasil mental, editado em 1898 em Portugal, com o objetivo de 'provar

que a antiga colônia não possuía sinais de vida intelectual apreciável' (palavras de

Mariana Coelho).


Mariana foi uma defensora aguerrida do feminismo e expôs entusiasticamente seu ponto de vista em várias obras, dando mostras de que o feminismo tinha raízes profundas em seu ideário. Dentre tais obras destaca-se: A evolução do feminismo, obra pioneira no assunto, publicada em 1933. Nela, a autora se propôs a fazer, e fez, uma coletânea de informações sobre fatos, dados científicos e pessoas que, de alguma forma, seja com suas ações, produções literárias, projetos de lei e atitudes, puderam subsidiar a defesa da tese feminista, da igualdade intelectual e de direitos entre homens e mulheres. Enfim, buscou com os meios disponíveis na época fornecer subsídios para a história do feminismo. E o fez com muito bom humor e estilo.


Maria Coelho também é autora das obras:

Discurso (1902)

Um brado de revolta contra a morte violenta (1935) – conferência

Linguagem (1937) – tese

Cambiantes (1940) – contos e fantasias


E colaborou em diversos jornais e revistas de Curitiba. Pertenceu a diversas entidades

literárias, entre as quais: Centro de Letras do Paraná. É Patrona da cadeira n. 30 da

Academia Paranaense da Poesia e da Cadeira n. 28 da Academia Feminina de Letras

do Paraná".


Poemas de Mariana Coelho



Miragem


Vejo-te, expressiva imagem.

Desde áureos sonhos pueris.

Só tu me infundes coragem.

Me reanimas, me sorris.


Da minha dor na voragem.

Nas minhas mágoas senis.

Vejo-te, ideal miragem.

Envolta em prantos febris!


Tu és a imagem que incute

Nesta alma, onde repercute

A intensa luz desse olhar.


O mais puro sentimento

Que em solene juramento

Te venho aqui consignar.


(Um século de poesia: poetisas do Paraná, 1959. Pág. 147)





Madrigal


Como a luz que atrai, fulmina

Doudejante borboleta,

Esse olhar grande e fascina

Em ondas de luz, inquieta!

Inveja a trágica sina

Do seu amor, borboleta!


(Revista Azul, agosto de 1898)





Íntimo Rebate


Um alvoroço indistinto,

Bem como quando a ilusão

Nos revolta o coração,

Há muito n’alma o pressinto.


Se escuto o alarme que eu sinto

Causar-me funda impressão,

Revela-se o amor, distinto,

Como autor da sedição!


Sondo toda a sua grandeza...

Subtil, como quem perscruta

Desígnios da Natureza!


E receosa...irresoluta...

Vou fugir-lhe! e ele me apresa

E alto grita “A luta! A luta!”


(Um século de poesia: poetisas do Paraná, 1959. Pág. 147)



Discurso realizado por Andréa Motta

Curitiba, março de 2024.

34 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page