Andréia Ticiane Pires de Carvalho (Andréia Carvalho Gavita) nasceu em 1973 na cidade de Ponta Grossa (PR). É servidora pública da UFPR desde 1999.
É poeta, autora de sete livros individuais e coautora em várias antologias. Tem poemas publicados em periódicos literários, impressos e digitais e foi organizadora e autora convidada de diversos eventos literários.
Coordena o Coletivo Marianas desde 2014 e é editora na Donizela desde 2021. Também colabora com a produção das revistas literárias Zunái e Sphera.
Alguns poemas da autora
Amuleto
Tantos besouros caminham pela minha pele
Te assusta a quitina
Eu sei
Mas, não nasci para te embalar
e não sinto nada
quando te estapeias para se libertar das patas
do esterco, do adubo que anima a areia estéril
da trajetória minuciosa
de meu olho de sol
do meu início de dia com cabeça de carneiro
do meu ocaso com chifres recurvados
para não competir com a crescente
Meu amor, não passo de um escaravelho
O que faz aqui?
Se quer o alinhamento das pirâmides
terá de suportar o que preenche o coração das múmias
Nenhum deus te ensinou?
Mestiça
Minha mão de gata do mato
espalmada em pindorama
filha dela que sou
Porque somos muitas
peles, tribos, faunas & floras
crucificadas no ventre
livre & verde
da floresta originária
Ardendo ao cuspe do sol
ofertando a cara
vermelha
ao tapa da terra
que nos ocupa
e nos coloniza
Venham a nós
amados bosques invasores
adorados lagos de areia, lava e águas
cresçam, floresçam
digam-nos por quem viemos
porquê nos curvamos mutuamente
Para que entendam
a vós e a nós
Para que me libertem
da tirania das classificações
Animal print
Confortável na elasticidade
do mundo conhecido
(do desconhecido, também).
Sei do estômago da jiboia
que nos acomoda
na sua digestão.
Sei que me mastiga
a cobra grande,
sou sua cobra criada,
caninana, no mundo conhecido
(no desconhecido, também).
Confortável, me movimento,
no estômago da cobra grandiosa.
Cobra criada sou,
caninana, coral,
caco de criatura rastejante.
Pitando, pitonisa,
performando no perigo perdido
dos perdigotos, as gotas desesperadas
que no deserto
evaporam.
Na enzima do estômago
da cobra grande,
confortável, oscilo,
em dança caninana.
Se não danço, não te descamo,
minha cobra grande, minha cobra mestra,
eu, cobra criada de ti.
Livros
A cortesã do infinito transparente (Lumme, 2011)
Camafeu escarlate (Lumme, 2012)
Grimório de Gavita (Lumme, 2014)
Panfletos de pavônia (Leonella Ateliê, 2017)
papel leopHardo (Bolsa Nacional do Livro/Marianas Edições, 2016)
Cílios prostíbulos (Patuá, 2018)
Neônia (ARC Edições, 2019)
Coautoria
Fantasma civil - antologia da Bienal Internacional de Curitiba (Medusa, 2013)
Qasaêd ila filastein: poemas para a Palestina (Patuá, 2014)
As herdeiras de Lilith (Instituto Memória, 2014)
101 poetas paranaenses - volume 2 (Biblioteca Pública do Paraná, 2014)
Antologia Relevo 5 anos (Jornal RelevO, 2015)
Anamorfoses (Lumme, 2016)
Blasfêmeas - mulheres de palavra (Casa Verde, 2016)
Contemporâneas - antologia poética (Vida Secreta Publicações, 2016)
Oito poetas brasileiros contemporâneos - (Revista Eutomia, 2018)
Antologia do desejo - literatura que desejamos (Patuá, Flip 2018)
Sob a pele da língua - breviário poético brasileiro (Cintra/ARC Edições, 2019)
Clausura (Lobo Azul, 2020)
Tuíra (Marianas Edições, 2020; Donizela, 2022)
Gato brigando é tigre (Lobo Azul, 2022)
Anônimo não é nome de mulher (Patuá, 2022)
Nove meandros (Donizela, 2023)
Abraçar e resistir: vozes feminimas (Libertinagem, 2023)
Revisar as naturezas, reorganizar os mundos (Donizela, 2023)
Sangue sobre [t]ela (Donizela, 2023)
Marianas 10 (Anadara brasiliana Edições/Donizela, 2024)
Intolerância: da fé à fúria (Donizela, 2024)
Idade é fogo (Donizela, 2024)
Salubria: saúde mental das mulheres (Donizela, 2024)
Mulherio das Letras Paraná - poesia (Anadara brasiliana Edições/Donizela, 2024)
Saiba mais sobre Andréia Carvalho Gavita
Publicado por: Tânia d'Arc